Romney protagonizará disputa equilibrada com Obama


Nesta eleição, dois pontos devem ser bastante explorados: o carisma e a reforma de health care promovida por Obama
Nesta eleição, dois pontos devem ser bastante explorados: o carisma e a reforma de health care promovida por Obama

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Com 37 vitórias, Mitt Romney conseguiu apoio de 1.144 delegados para ser o candidato republicano nas próximas eleições presidenciais dos Estados Unidos.
Com seis primárias de antecipação, Mitt Romney atingiu o número necessário de delegados para ser considerado candidato oficial dos republicanos.

A votação no estado do Texas, realizada na terça-feira (29/5), foi responsável por consagrá-lo como adversário de Barack Obama nas eleições presidenciais dos Estados Unidos em novembro.

De acordo com Roberto Cintra, coordenador do curso de Relações Internacionais da ESPM, a definição do ex-governador de Massachussetts como candidato foi tardia se comparada às eleições anteriores.

"A Convenção Nacional Republicana deve ter oscilado em função das características do candidato. Antigamente, Romney tinha uma postura muito mais comum aos democratas. Se tornou um pouco mais radical para se filiar ao Partido Republicano".

Durantes as primárias, os delegados socialmente conservadores resistiram à Romney e preferiram o ex-senador Rick Santorum, que obteve sete vitórias e 259 delegados.
"O discurso de Santorum contrário ao uso de métodos anticonceptivos, ao aborto e ao casamento gay atraiu o apoio dos ultraconservadores. Porém, isso não foi suficiente para tirar o foco de Romney, que foi considerado desde o início um candidato em potencial para vencer Obama", disse João Paulo Peixoto, professor de Ciências Políticas da Universidade de Brasília (UnB).

Mesmo com a candidatura oficial de Romney, os delegados dos estados da Califórnia, Nova Jersey, Dakota do Sul, Montana, Novo México e Utah ainda darão seus votos até agosto.

"A vantagem de se conseguir todos os delegados nas primárias é que não haverá uma Convenção Nacional Republicana aberta, onde qualquer candidato poderia disputar a candidatura por nenhum ter conseguido apoio da maioria", explica Cintra.

Obama X Romney

Os dois candidatos à presidência dos Estados Unidos devem ter o mesmo foco de atuação. Os swing states (Nova York, Califórnia, Flórida, Nova Jersey e Pensilvânia), que são os estados que não possuem um perfil partidário, devem merecer atenção de Obama e Romney.

"Como a equipe de Romney está formada desde 2009, ele deve explorar ao máximo os pontos mais frágeis de seu adversário. Além disso, deve utilizar a sua formação relacionada ao mercado financeiro para explicar que a retomada econômica americana está sendo bastante vagarosa. Isso porque o desempenho econômico é um fator bastante importante na hora da escolha do eleitor americano", acrescenta Cintra.

Em contrapartida, o discurso do democrata deve se basear na recuperação financeira que está promovendo e lembrar da situação como recebeu o país do ex-presidente, George W. Bush.

Para os especialistas, dois pontos devem ser bastante explorados, o carisma e a reforma de saúde (health care) promovida por Obama.

"A imagem de Obama é muito mais simpática que a de Romney. O símbolo que ele representa por ser o primeiro negro no comando dos Estados Unidos o torna magicamente carismático e, consequentemente, favorito", acredita Peixoto.

Estabelecidas durante a gestão do democrata, as mudanças na saúde tiveram um peso orçamentário enorme e não tiveram apoio popular. A reforma teve como base propiciar acesso a toda a população, ou seja, o Estado passaria a se responsabilizar pelas contas do setor de saúde.

"O problema é que apenas 15% da população não tinha como recorrer à saúde. Ou seja, esse não era o investimento que beneficiava a maioria da população como defendeu muitas vezes. E é essa a principal plataforma utilizada pelos republicanos para desmoralizar Obama", explica Cintra.

Vale lembrar que os republicanos foram contra a reforma e acreditavam que seria melhor se os investimentos fossem destinados ao desenvolvimento econômico e social dessa parcela da população. "Esses projetos proporcionariam autonomia para que as pessoas pudessem ter acesso às necessidades básicas, como a saúde", analisa Cintra.

Enquanto governava Massachussetts, Romney desenvolveu um sistema estadual de saúde pública, que serviu como referência para o projeto de Obama. Através dessa lei, angariou elogios e seguidores.
"Por ter sido referência para o democrata, Romney deve ser mais conservador em suas críticas à reforma para não parecer contraditória", avalia Cintra.
As promessas feitas por Obama nas eleições de 2008 não foram cumpridas integralmente, como, por exemplo, a retirada de soldados do Afeganistão e buscar soluções para a Prisão de Guantánamo. Porém, com a recuperação econômica desde 2011, ele vem reconquistando a popularidade.

"Os americanos são pragmáticos, não gostam de mexer nas coisas que vão bem. Para a sociedade americana, um bom gestor é aquele que deixa a economia funcionar bem e para eles, Obama está fazendo isso. Por isso acredito que ele tem vantagem sobre Romney", conclui Cintra.

As recentes pesquisas de intenção de voto, porém, não apontam isso e outorgam a Romney sérias possibilidade de disputar a presidência com Obama.

A consultoria Real Clear Politcs aponta que Obama detém 45,6% dos votos, enquanto Romney possui 43,6%. Já a associação Gallup demonstra que há um empate técnico entre os candidatos com 46% da intenção de votos.

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