Uma Bússola em Nossa Vida
Élder Carlos A. Godoy
Dos Setenta.
Todo novo ano é uma boa oportunidade para revisarmos o ano que passou e traçarmos metas para o ano que se inicia.
Dos Setenta.
Lembro-me do tempo em que eu era criança, minha família e eu íamos para o litoral gaúcho para passar a virada de ano. Por não sermos membros da igreja, tínhamos os costumes tradicionais dessa época. Pular ondas, comer lentilhas, vestir-se de branco ou amarelo e tantas outras coisas que eram feitas na esperança de um ano melhor. Não me lembro de nada ter mudado em razão desses costumes, mesmo assim no ano seguinte lá estávamos nós fazendo as mesmas coisas.
Como é bom ser membro da Igreja de Jesus Cristo e entender que a vida não é definida por costumes ou crendices. Como é confortante saber que são nossas ações praticadas no dia a dia que decidirão o resultado final de nossa vida e não o número de ondas que eu pulo, a cor que visto, o dia do ano em que nasci ou os traços na palma de minha mão. O evangelho nos tira a cegueira do mundo e, além de uma perspectiva eterna, nos dá também mais luz nesta vida.
Gosto da história da família de Leí no deserto. Muitas coisas aconteceram no decorrer da viagem, uma amostra dos desafios e das bênçãos que podemos ter no trajeto de nossa vida. Um acontecimento dos mais marcantes tem a ver com a esfera encontrada à porta da tenda de Leí, ao levantar pela manhã. Era “uma esfera esmeradamente trabalhada; e era feita de latão puro. E no seu interior havia duas agulhas; e uma delas indicava-nos o caminho a seguir no deserto” (1 Néfi 16:10).
“E seguimos a direção indicada pela esfera, que nos levou aos lugares mais férteis do deserto” (1 Néfi 16:16). Quem não precisa de orientação nesta vida? Quem não gostaria de uma bússola para nos guiar no deserto de nossas aflições? Quem não gostaria de ser levado até os “lugares férteis” em nossas decisões?
Alma, utilizando a experiência da família de Leí como exemplo, explica ao seu filho Helamã como ter uma bússola real em sua vida. “Aconselha-te com o Senhor em tudo o que fizeres e ele dirigir-te-á para o bem; (…)” (Alma 37:37). De tão simples que é, parece irreal. “Oh, meu filho, não sejamos negligentes por ser fácil o caminho, pois isso sucedeu como nossos pais; (…)” (Alma 37:46).
A escritura não se refere somente a conselhos em assuntos espirituais. Podemos buscar e receber conselhos “em tudo” o que precisamos fazer. No trabalho, na família, na escola, no chamado, nas tristezas, nas alegrias, etc. O Senhor, o conhecedor de tudo e de todos, do início até o fim, o criador dos céus e da Terra, está a nossa disposição para nos orientar como um pai orienta seus filhos.
Mas, assim como a esfera de Leí no deserto tinha algumas condições para funcionar — “E aconteceu que eu, Néfi, vi os ponteiros que estavam na esfera e eles moviam-se conforme a fé e a diligência e a atenção que lhes dávamos” (1 Néfi 16:28) —, nossa bússola pessoal também tem suas condições.
Nossa fé e diligência em guardar os mandamentos e conselhos do Senhor nos tornam mais sintonizados a essas orientações. Quando estamos vivendo de acordo com a “palavra de Cristo”, estamos mais receptivos às mensagens que vêm do alto. O Senhor, a nossa bússola, está sempre lá a nossa disposição. Não precisa ser um novo ano, não depende da cor que vestimos ou de quantas letras tem o nosso nome. Depende, sim, da nossa disposição de viver o evangelho e seguir as orientações que recebemos e ainda receberemos.
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