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Lucas Guerreiro 






Por que a passagem de Mateus 7:1–2, da Tradução de Joseph Smith, difere das passagens correspondentes do Novo Testamento e do Livro de Mórmon?

Um rapaz que não conheço pessoalmente, mas que é de minha fé, me questionou a respeito de uma aparente contradição de passagens escriturísticas. Ele disse que buscou a resposta, mas não a encontrou. Com a esperança de ajuda-lo escrevi esta postagem[1].


Entendendo a pergunta
Em Mateus 7:1-2, o Salvador, como parte de seu extraordinário Sermão da Montanha, ensinou que os homens não deviam julgar:
Não julgueis, para que não sejais julgados.
Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.

Semelhante ensinamento encontra-se em outros evangelhos (Lucas 6:37, João 7:24). Encontra-se, inclusive, no Livro de Mórmon, onde o Salvador ressurreto ensinou princípios muito parecidos com o que ensinou no Velho Mundo:
E então aconteceu que após ter dito estas palavras, Jesus de novo se voltou para a multidão e, tornando a abrir a boca, disse-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: Não julgueis, para que não sejais julgados.
Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados e com a medida com que medirdes vos hão de medir a vós. (3 Néfi 14:1-2)

Quando Joseph Smith traduziu algumas passagens da Bíblia[2], modificou Mateus 7:1-2, deixando o texto da seguinte maneira:
Ora, estas são as palavras que Jesus ensinou a seus discípulos para que dissessem ao povo.
Não julgueis injustamente, para que não sejais julgados; mas julgai com um julgamento justo.

Comparando as passagens temos:

Passagens
MATEUS 7:1-2
3 NÉFI 14:1-2
TJS MATEUS 7:1-2
Público
-
E então aconteceu que após ter dito estas palavras, Jesus de novo se voltou para a multidão e, tornando a abrir a boca, disse-lhes
Ora, estas são as palavras que Jesus ensinou a seus discípulos para que dissessem ao povo.
Mandamento
Não julgueis,
Em verdade, em verdade vos digo: Não julgueis,
Não julgueis injustamente,
Explicação do motivo pelo qual devemos guardar o mandamento
para que não sejais julgados.

para que não sejais julgados.
para que não sejais julgados;
Explicação mais detalhada sobre o motivo do mandamento (consequência de julgar).
Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.

Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados e com a medida com que medirdes vos hão de medir a vós.
-
Como devemos julgar
-
-
mas julgai com um julgamento justo.

Entendi que o questionador desejava não apenas uma explicação sobre o motivo pelo qual as passagens diferiam – mas especialmente se teria o Profeta Joseph Smith errado ao traduzir de forma diferenciada Mateus 7:1-2. Afinal, ele, Joseph Smith, é quem fizera a tradução do Livro de Mórmon, alguns anos antes de traduzir a Bíblia. Se o Livro de Mórmon contém uma tradução mais correta dos ensinamentos do Mestre – pois não foi submetido por dezenas de copistas e interpretes nos séculos de escuridão espiritual, como a Bíblia – não deveria conter o mesmo ensinamento original – o qual só teria sido restituído na Tradução de Joseph Smith da Bíblia? Em outra palavras: não deveria o texto de 3 Néfi 14:1-2 ser idêntico ou muito parecido com a Tradução de Joseph Smith de Mateus 7:1-2? Essa divergência não demonstra um equivoco – e talvez até uma falta de inspiração?

Claro que não!


Pressuposto
Há, todavia, um pressuposto (um conhecimento preliminar) necessário para que minha explicação seja adequada e faça pleno sentido. E este pressuposto é o testemunho (conhecimento espiritual) de que Joseph Smith foi um profeta de Deus.

Eu sei que Joseph Smith foi um profeta de Deus, pois pelos seus frutos o reconheci como tal (Mateus 7:15-20). E também sei que ele foi um profeta porque pelo poder e dom do Espírito Santo adquirir este conhecimento (Morôni 10:5). Convido a todos que não receberam esta certeza a perguntarem a Deus se Joseph não foi um profeta. A resposta seguramente vira ao que pedirem com fé, no devido tempo e no modo que Deus achar devido.

Os que estão relutantes, hesitantes, duvidosos e temerosos – precisam de um fortalecimento sobre o chamado divino do Profeta da Restauração – portanto, devem buscar ler e compreenderquem foi este homem e depois orar a Deus. O próprio Senhor prestou testemunho de seu servo escolhido nesses últimos dias: “Portanto eu, o Senhor, conhecendo as calamidades que adviriam aos habitantes da Terra, chamei meu servo Joseph Smith Júnior e falei-lhe do céu e dei-lhe mandamentos” (D&C 1:17).


Resposta
Já que Joseph Smith foi um profeta, e sabemos que o Senhor o ordenou traduzir partes da Bíblia, não há como pensar que ele tenha se equivocado ao revisar Mateus 7:1-2. Então a pergunta é: qual o motivo de serem as passagens – do novo testamento, Livro de Mórmon e Tradução de Joseph Smith diferentes?

Primeiro vejamos se as passagens são contraditórias. Em sentido, não o são. De fato, são complementares. Usando apenas o Novo Testamento temos o ensinamento de “não julgar” (em Mateus 7:1-2) e o mandamento de “julgar segundo a reta justiça” (João 7:24). O primeiro mandamento refere-se a não julgar terminantemente – pois o juízo final pertence a Deus (Salmos 7:11, 88:2, João 5:22). O segundo, diz que devemos usar nosso arbítrio para escolher, avaliar, discernir, examinar, mensurar, classificar e determinar para nosso bem. “O Senhor não estava dizendo que nunca devemos julgar ninguém. Alguns oficiais da Igreja, como os bispos e presidentes de Estaca, são chamados para serem juízes em Israel, e deles se espera que julguem. Temos que julgar ao escolher amigos e pessoas com que nos associamos” (“Fazer a Vontade do Pai”, Manual do Aluno do Seminário, 1984, pg. 43).

O Élder Dallin H. Oaks disse: “Eu já fiquei intrigado ao ver que algumas escrituras nos ensinam a não julgar enquanto outras ensinam que devemos julgar e até nos dizem como fazê-lo. Ao estudar essas passagens, porém, concluí que essas orientações aparentemente contraditórias são bastante coerentes quando vistas de uma perspectiva eterna.
A chave é compreender que existem dois tipos de julgamentos: julgamentos finais, que nos são proibidos e julgamentos intermediários, que somos instruídos a fazer, mas de acordo com princípios justos. (…)
Primeiro, um julgamento justo precisa, por definição, ser intermediário (…)
Segundo, para fazermos um julgamento precisamos ser orientados pelo Espírito do Senhor e não levados pela raiva, desejo de vingança, inveja, ciúmes ou interesses pessoais. (…)
Terceiro para ser justo, qualquer julgamento intermediário que fizermos precisa ser quanto a algo dentro de nossa esfera de responsabilidade. (…)
Quarto, se possível, devemos abster-nos de julgar até que o nosso conhecimento dos fatos seja adequado” (“‘Judge Not’ and Judging”, Ensign, agosto de 1999, pp. 7, 9–10).

Segundo analisemos a diferença entre a passagem no Livro de Mórmon e a do Novo Testamento (conforme traduzido por Joseph Smith).

No novo Testamento, o Senhor está ensinado “seus discípulos” (conforme a Tradução de Joseph Smith de Mateus 7:1-2). Embora grande parte do Sermão tenha sido dirigido ao povo em geral,  sabemos que houve ocasiões em que Jesus se dirigiu especialmente para aqueles que se tornariam os líderes da Igreja. Assim a passagem de Mateus 7:1-2, conforme esclarecida por Joseph Smith, se aplica aos líderes da Igreja (pois a eles Cristo se dirigiu): eles deveriam julgar – mas com justiça. Outras passagens corroboram esta explicação. Por exemplo: Jesus disse que Pedro e os outros apóstolos O ajudariam a julgar a casa de Israel (Lucas 22:30). O Livro de Mórmon ensina que os Doze Apóstolos Nefitas julgarão o povo de Néfi – e estes serão julgados pelos Doze que Cristo escolheu em seu ministério mortal (1 Néfi 12:7-10). Aos doze nefitas o Senhor Ressurreto disse: “E sabei vós que sereis os juízes deste povo, de acordo com o julgamento que vos darei, que será justo (...)” (3 Néfi 27:27).
Esses líderes deveriam também ensinar essas palavras ao povo.
No Livro de Mórmon, ao contrário do que ocorreu no Velho Mundo, o Senhor, nesta parte de seu discurso, “se voltou para a multidão” (3 Néfi 14:1). Ele ensinou ao povo em geral diretamente que não deveriam fazer julgamentos.

Terceiro.  Há uma outra pequena diferença, entre as circunstancias exteriores das passagens.Mateus, como escritor, estava dirigindo suas palavras especialmente aos judeus[3]. Ele realçou profecias e ensinamentos que mais impactariam os judeus. Portanto, Mateus selecionou partes do Sermão da montanha e outros ensinamentos do Salvador que entendia serem mais pertinentes aos judeus. Mórmon também tinha um povo em mente: nós. E por isso registrou o que registrou.

Quarto. Na época que Joseph Smith traduziu o Livro de Mórmon, embora não tenha copiado o texto Bíblico, certamente achou nele inspiração, entendimento e compreensão – que facilitaram a tradução do Livro de Mórmon. A linguagem bíblia serviu de parâmetro para a escolha de termos e expressões linguísticas. Afinal, toda pessoa que traduz um texto faz mais do que meramente substituir uma palavra por outra, de novo idioma. Deve-se interpretar – e passar o verdadeiro sentido do texto original, ou o mais próximo disso. Para ser um eficiente interprete é preciso conhecer muito mais do que a língua em si. Embora Joseph contasse com a ajuda celeste – com mensageiros do céu, objetos especiais e o com o maravilhoso poder do Espírito Santo – certamente precisou dedicar-se o máximo na leitura do texto bíblico que tinha disponível – pois tal esforço mostraria a Deus, que ele, Joseph, estava disposto a receber mais (Mateus 25:29). Mesmo que ele não tivesse a bíblia teria conseguido realizar a tradução – pois para Deus “nada é impossível”. Mas a Bíblia certamente foi uma bênção na vida do Jovem Profeta.

Agora, o fato de ter a Bíblia na equação não desqualifica o milagre da tradução. Há muitas evidencias que atestam a divindade da obra[4]. Joseph não apenas lia o “egípcio reformado” das placas de ouro e escolhia uma palavra em inglês que a representasse. Ele tinha que fazer algo além de pedir a Deus compreensão. Devia, com relação ao texto a ser traduzido, “estudá-lo bem em tua mente; depois me deves perguntar se está certo [perguntar a Deus] e, se estiver certo, farei arder dentro de ti o teu peito; portanto sentirás que está certo.” (D&C 9:7-8). Sobre a tradução do Livro de Mórmon recomendo os seguintes textos: O Milagre da Tradução do Livro de Mórmon,Tradução e Publicação do Livro de Mórmon – que mostram que Joseph precisou se esforçar muito para traduzir o Livro de Mórmon – e que sua tradução representou um grande milagre.

O Senhor aprovou a milagrosa e tradução e disse que ele “contém a verdade e a palavra de Deus— que é minha palavra aos gentios; para que logo seja levado aos judeus, de quem os lamanitas são remanescentes, para que creiam no evangelho e não mais esperem que venha um Messias já vindo.” (D&C 19:26-27).

Além de traduzir Joseph precisou interpretar o que traduzira. Ele foi ficando mais e mais experiente nisso (prova disso é que ele deixou de usar a Pedra do Vidente e Urim e Tumim - que eram auxílios enviados pelos céus para ajudar o iletrado rapaz). Na época da tradução de Mateus 7, Joseph já tinha suficiente maturidade como interprete para explicar e dar um sentido mais evidente a certas passagens, para o leitor moderno.

Quinto. As palavras são menos importantes que a mensagem que elas visam transmitir. Ou seja, o espírito da lei é maior que a lei em si. Para fomentar ou realçar alguns ensinamentos o Senhor e seus profetas podem alterar as palavras de uma passagem de escritura. Um exemplo é Malaquias 4:5-6. Lá o Senhor diz que “converterá o coração dos pais aos filhos”. Em 3 Néfi 25:5-6 lemos que o poder de Elias “voltará o coração dos pais aos filhos”. E em Doutrina e Convênios 2:2-3 o Senhor utiliza a palavra plantar: “ele plantará no coração dos filhos as promessas feitas aos pais”. Há algum erro nessas passagem? Claro que não! Elas querem todas dizer a mesma coisa: mas cada uma transmite a mensagem através de um significante diverso.

Nossa linguagem mortal é imperfeita – e para se transmitir a verdade vez por outra é necessário, devido a uma situação concreta, usar sinônimos, figuras de linguagem e até paráfrases. 

Sexto. Alguns estudiosos do Livro de Mórmon afirmam que tanto a versão inspirada de Joseph Smith de Mateus 7 quanto a tradução de 3 Néfi 14 querem dizer a mesma coisa (mesma finalidade). Mas a tradução de Mateus 7 seria mais clara para nós, povo dos últimos dias, porque a forma de colocação das palavras transmitiria o significado da passagem de maneira mais óbvia; enquanto o relato de 3 Néfi seria uma tradução mais literal do original (do Hebraico) [5].


Breves considerações sobre as Tradução de Joseph Smith da Bíblia
“O Senhor inspirou o Profeta a restituir ao texto bíblico as verdades que haviam sido perdidas ou alteradas desde que o original fora escrito. Essas verdades restauradas esclareceram doutrinas e melhoraram a compreensão das escrituras. (...) Por ter o Senhor revelado a Joseph algumas verdades que os autores haviam registrado, a Tradução de Joseph Smith é diferente de qualquer tradução da Bíblia. Nesse sentido, a palavra tradução é usada em um sentido mais amplo e de forma diferente da habitual, posto que a tradução de Joseph foi mais revelação que uma tradução literal de um idioma para outro.” (Introdução aos Trechos Selecionados da Tradução de Joseph Smith).

“Tradução ou revisão da versão da Bíblia em inglês, conhecida como a Versão do rei Jaime, que o Profeta começou a fazer em junho de 1830. O Senhor ordenou a Joseph que fizesse a tradução, e este a considerava como parte de seu chamado como profeta.
Embora em julho de 1833 Joseph tivesse completado a maior parte da tradução, ele continuou a fazer modificações enquanto preparava um manuscrito para publicação, até sua morte em 1844. Embora ele tenha publicado algumas partes da tradução enquanto vivia, provavelmente teria feito outras modificações se tivesse vivido para publicar toda a obra. A Igreja Reorganizada de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias publicou em 1867 a primeira edição da versão inspirada de Joseph Smith, da qual, desde aquela época, publicaram diversas edições.
O Profeta aprendeu muitas coisas no processo da tradução. Algumas seções de Doutrina e Convênios foram recebidas em virtude de seu trabalho na tradução (como as seções 76, 77, 91 e 132). Além disso, o Senhor deu a Joseph instruções específicas para a tradução, que foram registradas em Doutrina e Convênios (D&C 37:1; 45:60–61; 76:15–18; 90:13; 91; 94:10; 104:58; 124:89). O Livro de Moisés e Joseph Smith—Mateus, hoje incluídos na Pérola de Grande Valor, foram extraídos diretamente da Tradução de Joseph Smith.
A Tradução de Joseph Smith restaurou algumas coisas claras e preciosas que foram perdidas da Bíblia (1 Né. 13). Embora ela não seja a Bíblia oficial da Igreja, essa tradução fornece muitos esclarecimentos interessantes e é um recurso valioso para entendermos a Bíblia. Ela é também um testemunho do divino chamado e do ministério do Profeta Joseph Smith.” (“Tradução de Joseph Smith (TJS)”Guia Para Estudo das Escrituras)

“O Livro de Mórmon nos proporcionou iluminação sem par com referência a muitos assuntos do evangelho, mas dá poucos detalhes a respeito de outros temas, tais como a existência pré-mortal, os graus de glória, casamento celestial, Sião, a lei de consagração e a organização dos quóruns do sacerdócio. Muitas dessas doutrinas foram reveladas ao Profeta à medida que ele traduzia a Bíblia. Vê-se que um dos propósitos da Tradução de Joseph Smith (TJS) era ade servir como “professor” de Joseph Smith, pois quando o Senhor ordenou que ele começasse a fazer a tradução do Novo Testamento, disse: “E agora, eis que vos digo que nada mais vos será dado saber concernente a este capítulo, até que o Novo Testamento seja traduzido; e nele todas estas coisas serão dadas a conhecer; portanto agora vos permito traduzi-lo, para que estejais preparados para as coisas que hão de vir” (D&C 45:60-61).
Não será difícil entendermos a contribuição doutrinária da TJS, se virmos às revelações de Joseph Smith em ordem cronológica. Os primeiros exemplares do Livro de Mórmon se tornaram disponíveis durante a semana de 26 de março de 1830. Dentro de poucos dias, no dia 6 de abril, a Igreja foi organizada. Poucas semanas depois, em junho de 1830, constatamos a primeira revelação concernente à TJS. Nós a conhecemos como o livro de Moisés, capítulo 1, da Pérola de Grande Valor. Ao compararmos a cronologia da Nova Tradução com a de Doutrina e Convênios, notamos que alguns conceitos foram apresentados à mente do Profeta durante a tradução da Bíblia na qual foram, de fato, primeiramente registrados. Mais tarde alguns destes assuntos foram elaborados e elucidados por revelações subsequentes que hoje aparecem nas seções de Doutrina e Convênios. Poderíamos adquirir um entendimento mais completo, mais rico e mais claro da forma que a doutrina se desdobrava se colocássemos as passagens reveladas do Novo Testamento na sua devida ordem cronológica entre as seções correspondentes de Doutrina e Convênios. Por exemplo, Moisés 1 da TJS ficaria logo antes da seção 25; Moisés 2-5 apareceria um pouco antes da seção 29; Moisés 6 logo antes da seção 35 e Moisés 7 apareceria antes da seção 37. Antes de termos acesso aos manuscritos originais da TJS, esta comparação era impossível de ser feita, pois desconhecíamos as datas em que as revelações foram registradas nos manuscritos. A análise dos originais transforma nossa perspectiva.
As credenciais que concediam ao Profeta Joseph Smith a autorização de traduzir a Bíblia era o fato de ele ter sido chamado pelo Senhor para fazê-lo. Sua situação assemelha-se a de Néfi a quem o Senhor ordenou que construísse um navio. Néfi se sentia confiante que “se Deus me tivesse ordenado que fizesse todas as coisas, poderia fazê-las” (1 Néfi 17:50). Até 1830, quando Joseph Smith iniciou a tradução da Bíblia, ele já era um tradutor experiente devido a sua tradução do Livro de Mórmon. Ele disse que ele e Oliver Cowdery receberam ajuda específica do Espírito Santo para que as escrituras lhes fossem “abertas ao nosso entendimento e o verdadeiro significado e intenção de suas passagens mais misteriosas revelaram-se a nós de uma forma que jamais havíamos conseguido antes e que sequer imaginávamos” (Joseph Smith—História 1:74). Tal ajuda ultrapassaria até a maior habilidade linguística de tradução.
(...)
Será a Tradução de Joseph Smith simplesmente um comentário de Joseph Smith acerca da Bíblia, ou será ela uma restauração de materiais perdidos? Posto que o papel da TJS é o de fonte primária da doutrina dos Santos dos Últimos Dias, conforme revelada por ordem do Senhor, parece haver fortes motivos para argumentar que a TJS se trata da restauração do significado e conteúdo doutrinário que se perdeu da Bíblia. Quando Sidney Rigdon foi chamado para servir de escrivão para Joseph Smith no trabalho de tradução, o Senhor lhe disse: “Tu [escreverás] por ele; e as escrituras serão dadas tal qual se acham em meu próprio seio, para salvação de meus eleitos ” (D&C 35:20) Subentende-se que a Bíblia, da forma em que se encontrava naquela época, não estava no “próprio seio” de Deus. A Bíblia é o testemunho de Judá acerca de Deus e de Jesus Cristo. Não bastavam o Livro de Mórmon, Doutrina e Convênios e a Pérola de Grande Valor para restaurar as verdades doutrinais perdidas. Para fazer jus aos profetas bíblicos tornou-se preciso restaurar a própria Bíblia a seu poder original de testemunha de Jesus Cristo e seu evangelho. A Bíblia tinha de ser corrigida e a Tradução de Joseph Smith faz uma contribuição poderosa à restauração de suas verdades.” (“A Nova Tradução e a Doutrina dos Santos dos Últimos Dias”,Religious Studies Center).

Resposta objetiva e conclusão
Por que a passagem de Mateus 7:1–2, da Tradução de Joseph Smith, difere das passagens correspondentes do Novo Testamento e do Livro de Mórmon?

Mateus 7:1-2 da Tradução de Joseph Smith difere de Mateus 7:1-2 do Novo Testamento porque o verdadeiro significado da passagem acabou sendo deturpado nos anos de escuridão espiritual, após a morte dos apóstolos de Cristo no Meridiano dos Tempos. Joseph restaurou o significado verdadeiro. Ele deixou mais clara a passagem.

Mateus 7:1-2 do Novo Testamento não difere de 3 Néfi 14:1-2 - se não no contexto, porque o Senhor ensinou sobre o tema de “julgamento” a grupos diversos. No Novo testamento o Senhor se dirigiu aos líderes (conforme fica claro na TJS), no Livro de Mórmon ele se voltou à multidão – falando a todo o povo em geral, indistintamente. Se houve algum ensinamento diferente foi apenas um outro aspecto do mesmo tema.

As passagens traduzidas de Joseph Smith (TJS Mateus 7:1-2 e 3 Néfi 14:1-2) não necessitam ser idênticas – tratando-se de ensinamentos dirigidos a povos com circunstancias peculiares. Todavia, eles podem estar dizendo a mesma coisa - ainda que com palavras diferentes.

Os ensinamentos da Bíblia, TJS e Livro de Mórmon não são contraditórios – mas complementares. Soma-se para nosso beneficio e instrução.

Finalmente, o Senhor - através de seus profetas - pode alterar ou modificar algumas palavras ou frases para que o receptor da mensagem compreenda mais plenamente o que Ele quer dizer. Assim, as palavras não são tão importantes quanto o que querem dizer – o instrumento não é tão relevante quanto à mensagem.

O Senhor disse: “Por que murmurais por receberdes mais palavras minhas? (...) Portanto digo as mesmas palavras, tanto a uma nação como a outra. (...). E isto eu faço para provar a muitos que sou o mesmo ontem, hoje e para sempre; e que pronuncio minhas palavras segundo minha própria vontade.” Depois Ele afirmou enfaticamente “E porque eu disse uma palavra não deveis supor que não possa dizer outras; pois meu trabalho ainda não está terminado nem estará até o fim do homem nem desde aí para sempre.” (2 Néfi 29:8-9)

Devemos, pelo que foi dito, ser gratos por tanta luz e restauração concedida em nossos dias. E caso haja perguntas ou necessidade de mais explicação sempre podemos recorrer ao Pai misericordioso que dá luz ao entendimento, através de seu santo Espírito.


fonte:http://lucasmormon.blogspot.com.br/

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