ARTIGO: MÓRMONS, NEGROS & O SACERDÓCIO.



LUIZ BOTELHO
Luiz Botelho serviu na Missão Santa Maria e atualmente mora em Salt Lake City, Utah com sua filha Elisa. Estudou Antropologia na Utah Valley University e descobriu na Ciência, História, Filosofia e Teologia sua verdadeira paixão. Atualmente trabalha na aviação do exército americano e conduz o projeto FairMormon Brasil.







Com uma ampla variedade de culturas, raças, nacionalidades e classes sociais, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias atualmente ensina que toda a família humana provém de Pais Celestiais que os amam e se importam com cada um de Seus filhos.


Apesar de este ser o cenário atual, por uma determinada época de sua existência moderna, a Igreja restringiu a afro-descendentes o recebimento do Sacerdócio e ordenanças de investidura e selamento nos Templos. Naturalmente, tal restrição tem produzido com o passar das décadas diversas perguntas, críticas e amplo debate com relação à natureza de sua origem, aplicação e entendimento.


Faremos nessa pesquisa uma análise relativamente detalhada dos registros, contexto histórico e paralelos doutrinários, assim como uma avaliação analítica com o objetivo de separar folclore de fatos.

Contexto Histórico Anterior à Restrição

Tendo sido restaurada no ano de 1830, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias foi estabelecida em uma época de grandes divisões raciais em todo o mundo e especialmente nos Estados Unidos. Tal realidade social moldava diversos aspectos na prática religiosa Cristã em todo o país. Nessa época, a discriminação racial era praticamente generalizada e a escravidão era defendida pela lei em quase todo o território, enquanto casamentos interraciais eram banidos em diversos estados. [1]

Em Fevereiro de 1852, o então Profeta e Presidente da Igreja Brighan Young, anunciou uma diretriz que restringia a ordenação ao Sacerdócio a membros negros Afro-descendentes e na mesma ocasião, declarou que em um dia futuro, tais membros "teriam todos os privilégios e mais", desfrutados pelos demais membros da Igreja. [2] 

O entendimento de tal contexto social, é o ponta pé inicial para uma compreensão mais precisa da realidade do país que em 1830 estava prestes a receber a Restauração da Igreja primitiva de Jesus Cristo. 

Origem da Restrição do Sacerdócio

Muitas teorias tem sido compartilhadas no decorrer do tempo com o objetivo de explicar as razões e motivações da restrição ao Sacerdócio. Apesar disso, a Igreja hoje rejeita tais teorias e a razão oficial para tal diretriz não é completamente clara ou conhecida. Entre as visões mais comuns de membros da Igreja sobre a origem da restrição, encontramos algumas da seguintes perspectivas:

1. A restrição era baseada em revelação a Joseph Smith, e foi seguida por seus sucessores até o Presidente Kimball
2. A restrição não se originou com Joseph Smith, mas foi implementada por Brighan Young por revelação.
3. A restrição iniciou com uma série de medidas administrativas, ao invés de uma doutrina revelada, e foi baseada nas ideias comuns da época referentes a raças no século 19. Ao decorrer do tempo deu-se mais autoridade a esta justificativa do que se pretendia.

A dificuldade em decidir entre uma das opções acima acontece porque:

A. Não há relatos contemporâneos de revelações referentes à restrição.
B. Muitos membros antigos entretanto acreditavam que havia existido tal revelação
C. A ordenação do Sacerdócio a Afro-descendentes era um evento raro, que se tornou ainda mais raro com o passar do tempo.

Quando os membros da Igreja se estabelecerem em Missouri, alguns de seus pontos de vista sobre a escravidão (D&C 101:79; D&C 87:4), não se harmonizavam bem com o de colonizadores mais antigos. Sendo alguns líderes da Igreja a favor da abolição da escravatura, a perseguição à Igreja se tornou intensa por parte de antigos colonizadores, tornando o proselitismo a escravos condicional à autorização de seus donos (D&C 134:12).

Durante a administração de Joseph Smith, não há evidência do Sacerdócio sendo negado a membros de descedência Africana. Entre alguns exemplos de negros que receberam o Sacerdócio durante o período anterior à restrição encontramos:

Black Pete 1832
Joseph T. Ball 1833
Elijah Abel 1836 pelo próprio Joseph (inclusive participou de ordenanças no templo)
Isaac Van Meter 1837
Walker Lewis 1844
William McCary 1846
Enoch Able 1900
Elijah Abel Neto 1935

Teorias Para a Razão da Restrição do Sacerdócio

Nenhuma das teorias criadas na tentativa de compreender as razões da restrição do Sacerdócio são hoje aceitas como doutrina oficial da Igreja. Entre as mais comuns, porém imprecisas ou incorretas de acordo com líderes posteriores e doutrina oficial atual da Igreja, encontramos os seguintes exemplos:

A Ideia de que Afro-descendentes foram neutros ou menos valentes na Guerra dos Céus

O ensinamento de que Afro-descendentes tenham sido neutros na vida pré-mortal está entre os pontos de vistas mais comuns entre membros da Igreja. Tal teoria entretanto é falsa e foi amplamente rejeitada por diferentes líderes da Igreja do passado e presente.

Em certa ocasião, Lorenzo Young perguntou ao Presidente Brighan Young se os espíritos de Afro-descendentes haviam sido neutros na Guerra nos Céus. Juntamente com a pergunta, Lorenzo Young ofereceu uma afirmação de terceirão mão para a origem desse ensinamento por parte de Joseph Smith, uma espécie de "Fulano disse, que sicrano disse que Joseph Smith disse". Em resposta, Brighan Young rejeitou a origem e natureza de tal ensinamento e reforçou que não houve neutros na Guerra dos Céus e que todos os filhos de Deus escolheram e defenderam um dos lados. [3]

Tal teoria foi igualmente rejeitada por Joseph F. Smith, que declarou:

"Não há qualquer revelação, antiga ou moderna, nem qualquer declaração com autoridade de nenhum dos líderes da Igreja (...) em apoio à ideia que negros são indivíduos que foram neutros nos céus na época da grande Guerra, que resultou na expulsão de Lúcifer e aqueles guiados por ele."[4]

Em 1954, Joseph Fielding Smith declarou que não havia neutros na Guerra dos Céus, mas sugeriu que as condições de vida recebidas nessa vida era reflexo de ações da vida pré-mortal. [5] Bruce R. McConkie por sua vez acreditava que tais espíritos haviam sido "menos valente" na vida pré-mortal. [6]

Tais definições não representavam uma visão única da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mas uma visão comum da sociedade na época de 1950 a 1960.

O Presidente Spencer W. Kimball declarou:

"A Igreja hoje, rejeita as teorias desenvolvidas no passado de que a pele negra é resultado de desfavor divino, maldição ou que reflete a ações da vida pré-mortal. Também rejeita qualquer ideia de que uniões interraciais sejam pecado ou que negros ou pessoas de qualquer raça são inferiores em qualquer aspecto. Líderes da Igreja hoje, condenam qualquer racismo, passado ou presente, em qualquer forma."[7]

A Igreja atualmente ensina que todos os que vieram à existência mortal, foram valentes na existência pré-mortal. Elder M. Russell Ballard declarou:

"Relembre a eles que estão aqui nesse tempo particular da história do mundo, com a plenitude do Evangelho em suas mãos, porque fizeram escolhas valentes em sua existência pré-mortal"[8]

A Ideia de que negros são descendentes de Caim

Tal ensinamento não foi introduzido pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Era uma visão comum de muitas Igrejas Protestantes em períodos anteriores à restauração do Evangelho e foi frequentemente utilizada como justificativa para promover ou aceitar a escravidão. Muitos membros da Igreja porém, eram conversos de tais denominações e de certa forma possuíam perspectivas que por algum tempo eram influenciados por suas crenças anteriores.

O problema de tal linha teológica está na falta de compreensão entre a "maldição de Caim" e a "marca" que foi colocada nele. A maldição de Caim constituía-se no fato de ele ter sido banido da presença do Senhor. Tal fato é claro tanto no relato de Gênesis como de Moisés. Este conceito é amplamente ensinado no Livro de Mórmon, quando indica que aqueles que guardam os mandamentos prosperam, enquanto os demais serão banidos da presença do Senhor.

Entretanto, a natureza exata da "marca" mencionada nas escrituras é desconhecida. As escrituras não especificam suas características, mas se limita apenas em afirmar que ela servia como uma proteção a Caim, para que aqueles que o encontrassem não o matassem. Uma menção no Livro de Moisés, fala dos filhos de Canaã recebendo uma "cor negra" (Moisés 7:8). Entretanto, não há qualquer conexão direta entre Caim e Canaã. No Livro de Abraão, a restrição ao Sacerdócio também não era colocada a negros, mas a indivíduos da linhagem do Faraó. 

A associação da "marca de caim" com a pele negra e que Deus separou seus filhos em diferentes raças era amplamente promovida por denominações protestantes da época e persiste até mesmo em dias atuais, como afirmou certo ministro:

"Deus separou os povos por Seus próprios propósitos. Ele ergueu barreiras entre as nações, não apenas de terra e mares, mas também barreiras étnicas, culturais e de linguagem. Deus fez as pessoas diferentes umas das outras e pretende manter tais diferenças." (Carta a James Landrith from Bob Jones University, 1998)[9]

Para uma análise mais detalhada sobre a marca de Caim, acesse:

Caim - Maldição, Marcas e Mitos

Doutrina ou Diretriz

De acordo com a posição atual da Igreja, a restrição ao Sacerdócio foi uma diretriz implementada por Brighan Young. Não houve porém restrição durante a administração de Joseph Smith. O atual artigo oficial "Race and Priesthood" declara:

"Em dois discursos dados (...) em Fevereiro de 1852, Brighan Young anunciou uma diretrizrestringindo homens de descendência Africana a receberem a ordenação ao Sacerdócio." 

Embora tal artigo e alguns líderes da Igreja tenham se posicionado de maneira a sugerir que a prática não tivesse natureza doutrinária, mas que seria uma diretriz aplicada em um contexto e propósito específico, precisamos ser cuidadosos para não tirarmos conclusões precipitadas sem compreender todos os aspectos que envolveram a decisão de Brighan Young de instituir a diretriz e dos líderes seguintes de a manterem.

Igreja Racista?

A compreensão mais negativa e incorreta da restrição ao Sacerdócio vem da ideia de alguns de que a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias faz acepção de pessoas ou promove qualquer tipo de pensamento racista em seus ensinamentos oficiais.




Como mencionado anteriormente, diversas teorias foram criadas por alguns membros e líderes em diferentes ocasiões como hipóteses para as razões que deram a origem à restrição. Líderes posteriores da Igreja entretanto, tem repetidamente enfatizado que tais explicações podem conduzir ao erro e jamais representaram doutrina oficial da Igreja. O Apóstolo Dallin H. Oaks afirmou:

"Não faz parte do padrão do Senhor prover razões. Nós podemos colocar razões para os mandamentos. Quando fazemos isso, estamos por nossa própria conta. Algumas pessoas criaram razões para [a restrição] e elas terminaram por estar espetacularmente erradas. Há uma grande lição nisso. A lição que eu retirei disso é que decidi um longo tempo atrás que eu teria fé no mandamento, mas não teria fé nas razões que haviam sugeridas para ele. (...) Que possamos evitar o erro cometido no passado de colocar razões em revelações"[10]

Bruce R. McConkie, que foi um dos que apoiaram algumas dessas teorias, em 1978 declarou:

"Esqueçam tudo o que eu falei, ou o que(...) Brighan Young falou, ou quem quer que seja (...) que seja contrário à presente revelação. Nós falamos com um conhecimento limitado e sem a luz e conhecimento que agora foi dado ao mundo. "[11]

Elder Jeffrey R. Holland também se pronunciou a respeito, afirmando:

"Uma posição clara é que folclore jamais deve ser perpetuado(...) Eu preciso admitir que meus antigos colegas estavam fazendo o melhor que podiam para moldar a diretriz e dar contexto a ela. Tudo o que posso dizer é que apesar das boas intenções que algumas explicações pudessem ter, acredito que quase todas eram inadequadas ou erradas. Teria provavelmente sido muito melhor apenas não dizer nada, dizer que apenas não sabemos. Não deve haver qualquer tentativa em perpetuar aqueles esforços de explicar porque aquela doutrina existiu. Nós simplesmente não sabemos porque aquela prática, diretriz, doutrina existiu."[12]

Apesar de ser taxada como "racista" por diversos críticos, a Igreja de Jesus Cristo curiosamente se destacou no período anterior ao fim da restrição nos seguintes aspectos:

* Joseph Smith ensinou que qualquer desvantagem econômica ou mental não provinha de qualquer aspecto genético mas simplesmente por não possuírem as mesmas oportunidades de educação e progresso das demais pessoas.
* Membros da Igreja no geral eram abolicionistas e foram duramente perseguidos por causa de seus ensinamentos de liberdade.
* A Igreja jamais foi segregada em congregações divididas por raças, como muitas denominações. Todos os membros estavam sempre reunidos.
* A Igreja apoiava direitos civis iguais a todos muito tempo antes do fim da restrição. 

Soaria esse itens como evidências de um povo "racista"? Naturalmente não. É importante compreender que o processo de revelação de Deus a seus servos os profetas não é completamente conhecido e tal método de comunicação tem sido variado no decorrer de cada dispensação. Profetas e Apóstolos não são máquinas de Fax. Não são infalíveis. O entendimento da doutrina de Cristo é gradual, até mesmo para servos como profetas e apóstolos.

Fim da Restrição

Em 1954, após visitar a missão da África do Sul, David O. McKay voltou a considerar o fim da restrição. Em uma conversa com Sterling McMurrin ele disse, "Isto é uma prática, não uma doutrina, e a prática irá algum dia ser alterada."[13] Tal afirmação indicava uma diferença de opinião em relação a alguns líderes anteriores que acreditavam ser a restrição uma doutrina. Entretanto, David O. McKay sensatamente acreditava que uma revelação de Deus era necessária para poder dar fim à restrição. Ao inquirir o Senhor sobre essa possibilidade, ele afirmou:

"Eu inquiri ao Senhor repetidamente. A última vez que o fiz, foi no tardar da última noite. Foi-me dito, sem discussão, para não trazer o assunto ao Senhor novamente; Que o tempo chegaria, mas não seria o meu tempo, e para que eu deixásse de me preocupar com o assunto"[14] De fato, Presidente McKay não viveu para presenciar tal evento. 

Em Junho de 1978, após "muitas horas nas sala mais alta do Templo de Salt Lake, suplicando por divina orientação" o Presidente Spencer W. Kimball, seus conselheiros e o Quórum dos Doze Apóstolos receberam uma revelação. "Ele ouviu nossas orações, e por revelação confirmou que os dias longamente prometidos chegaram", anunciaram no dia 8 de Junho. Tal revelação foi canonizada e inserida em D&C como "Declaração Oficial 2". Após 126 anos, a revelação do Senhor dava fim à restrição, tornando o Sacerdócio disponível novamente a todos os homens.

O Presidente Gordon B. Hinckley que estava presente no momento da revelação declarou:

"O Espírito de Deus estava lá. Cada homem naquele círculo, pelo poder do Espírito Santo sabiam a mesma coisa. A voz do Espírito Santo sussurrou uma confirmação em nossas mentes e almas. Nenhum de nós, que estava presente naquela ocasião jamais foi o mesmo após a revelação."[15]

David B. Haight, que também presenciou tais momentos afirmou:

"Eu estava lá. Eu testemunhei. Eu senti aquela influência celestial. Eu fui parte daquilo. Era verdadeiramente uma revelação de Deus." [16]

Atualmente presente em centenas de países, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias convida a todas as nações, raças, tribos, povos e línguas a conhecerem e reconhecerem seu Salvador Jesus Cristo e as bençãos que advém de tal conhecimento.

Não temos as respostas para todas as perguntas. Não compreendemos todas as ações e motivações do Senhor, nem necessitamos no atual tempo compreender tudo. Sejamos mais lentos ao julgar líderes do passado e presente, mais humildes ao reconhecer nossos erros e os deles, mais prudentes ao lidar com a Doutrina de Cristo e principalmente, mais fieis para aceitarmos as orientações divinas, seja pela própria voz do Senhor "ou pela voz de [Seus] servos, é o mesmo”. (D&C 1:38)

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Fontes:

[1] Race and the Priesthood, 2013; www.lds.org
[2] Brigham Young, Speeches Before the Utah Territorial Legislature, Jan. 23 and Feb. 5, 1852, George D. Watt Papers, Church History Library, Salt Lake City
[3] Wilford Woodruff, Wilford Woodruff’s Journal, 9 vols., ed., Scott G. Kenny (Salt Lake City: Signature Books, 1985), 6:511 (journal entry dated 25 December 1869).
[4] First Presidency letter from Joseph F. Smith, Anthon H. Lund, and Charles W. Penrose, to M. Knudson, 13 Jan. 1912
[5] Joseph Fielding Smith, Doctrines of Salvation (Salt Lake City: Bookcraft, 1954)
[6] Bruce R. McConkie, Mormon Doctrine (1966), p. 527.
[7] "Race and the Priesthood," Gospel Topics, lds.org. (2013)
[8] M. Russell Ballard, "One More," Ensign, May 2005, p. 69
[9] Haynes, p. 161.
[10] Dallin H. Oaks, Interview with Associated Press, in Daily Herald, Provo, Utah, 5 June 1988
[11] Bruce R. McConkie, "New Revelation on Priesthood," Priesthood (Salt Lake City: Deseret Book, 1981)
[12] Jeffrey R. Holland, Interview, 4 March 2006
[13] Gregory A. Prince and Wm. Robert Wright, David O. McKay and the Rise of Modern Mormonism (Salt Lake City: University of Utah Press, 2005)
[14] David O. McKay and the Rise of Modern Mormonism, 104
[15] Gordon B. Hinkley, "Priesthood Restoration," Ensign (October 1988), 70
[16] David B. Haight, Conference Report (April 1996)

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